As cinco sessões educativas sobre as religiões afro-maranhenses, acompanhadas de seus respectivos roteiros pedagógicos, disponíveis na aba “Educativo” do site do Museu Afro Digital do Maranhão, são fruto da pesquisa intitulada “O Afro-Religioso no Museu: a aba Educativo do Museu Afro Digital do Maranhão como instrumento para uma educação antirracista e humanista”. Este trabalho foi desenvolvido por Reinilda de Oliveira Santos durante seu doutorado profissional no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual do Maranhão, no período de 2021 a 2025.

O projeto das sessões educativas é desenvolvido por Reinilda de Oliveira Santos como parte do Museu Afro Digital do Maranhão. Seu objetivo central é promover uma educação antirracista e valorizar a diversidade cultural brasileira, com foco nas religiões afro-maranhenses.
As religiões afro-brasileiras são manifestações que vão além da espiritualidade, englobando cultura, família e visão de mundo. O projeto busca combater estereótipos históricos e promover o reconhecimento da riqueza do universo afro-religioso.

As sessões abordam temas como as indumentárias rituais, comidas sagradas, símbolos de terreiro, moradas de encantados e instrumentos musicais afro-religiosos. Cada sessão inclui roteiros pedagógicos orientados a professores, visando facilitar a integração dos conhecimentos afro-religiosos no currículo escolar e fomentar o respeito à diversidade e à liberdade religiosa. A proposta visa promover uma reflexão crítica sobre a cultura afro-brasileira, abrindo espaço para a inclusão e o combate ao racismo religioso nas salas de aula.

As Sessões Educativas:

1. Indumentárias Rituais

Aborda as indumentárias rituais, em suas formas, cores e fundamentos que estão relacionadas aos gostos, modos de agir, viver e sentir coletivos. Elas são muito variadas, se relacionam com a idade e o sexo das entidades e identificam as famílias espirituais, a exemplo dos pretos velhos que costumam usar preto e branco, as entidades de rua que usam preto e vermelho, o povo das águas que veste, em destaque, o azul. Além do mais, os trajes utilizados nos terreiros do Maranhão possuem peculiaridades de acordo com as diferentes vertentes afro-religiosas e vestir o santo ou vestir-se para o santo é uma das etapas mais relevantes nos rituais de terreiros.

2. Comidas Sagradas

As comidas ritualísticas da sessão Comida de Santo foram escolhidas pela diversidade, modos de preparo e, principalmente, por sua raridade. Elas são mais do que simples preparações culinárias; são rituais sagrados que conectam os adeptos às entidades e à ancestralidade. Cada ingrediente, cada modo de preparo, carrega consigo simbolismos que remetem à espiritualidade e à preservação da fé. Além do mais, as comidas são feitas de acordo com as circunstâncias, gostos, restrições, proibições ou celebrações do terreiro ou das entidades para as quais são ofertadas.

3. Símbolos de Terreiro

A sessão Símbolo de terreiro traz defumador, cruzeiro, velas, pontos de assentamento, imagens/vultos e altares/santidade, elementos imprescindíveis e conectados à vivência no terreiro. Por exemplo, quando o povo de santo chega no salão, mensuram os pontos de assentamento e o altar, utilizam o defumador na abertura do tambor, quando muda a corrente, para circundar os curandeiros, os tambores e o pé do altar. Além do mais, o cruzeiro é um dos principais pontos de força da casa.

4. Moradas de Encantados

As Moradas de Encantados, apresentadas na sessão quatro, foram escolhidas por serem pontos de força, locais em que a entidade se encantou e passou para o lado espiritual. No texto, traremos mitos, estórias e localidades em uma geografia cuja existência pode ser real, como a pedra de Itacolomi, a ilha dos Lençóis e ilha dos Caranguejos ou fixada no imaginário popular, a exemplo do reino de Camundá e lagoa do Pajeleiro. Além disso, essas moradas podem estar relacionadas a um tempo específico, como a morada do Rei Sebastião.

5. Instrumentos e Cantos Sagrados

A última sessão, Instrumentos e cantos sagrados, explora o universo das doutrinas e dos instrumentos que dão cadência aos rituais afro-religiosos. Nos terreiros maranhenses utilizam-se o abatá, o tambor da mata e cabaças, no entanto, muitos outros instrumentos musicais podem fazer parte do conjunto, a exemplo, do pandeiro/adufe, borá saxofone, sanfona, triângulo, agogô, matraca, maracá, tarol, pífano/pife, taboca, ganzá e recursos (assobios, imitação de pássaros, garrafas, folhas de flandres, caixa). E a combinação do som desses instrumentos com as doutrinas cantadas, estabelece a conexão com o sagrado.

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SESSÕES:
Sessão 1 – Vestindo o Santo
Sessão 2 – Comida de Santo
Sessão 3 – Símbolos de terreiro
Sessão 4 – Eira: Morada de encantados
Sessão 5 – Instrumentos e Cantos Sagrados